(Não me importa o que digam do estilo, eu preciso de te escrever... Vou contar-te uma história, amor.)
Chegaste com o vagar de outro dia qualquer, entraste de repente e arrebataste-me corpo e alma, gestos e olhar. Eu perdi-me por ti. Eras tudo - a luz que te saía do rosto, o modo como brilhavas com o olhar, a maneira como iluminavas os dias com o teu sorriso. Escrevi-te vezes e vezes sem conta, a ti e às canções que trazias no olhar, às tuas mãos no meu cabelo e depois na minha pele - eu só queria escrever-te, escrever a volta que me deste à vida, gritar ao Mundo as borboletas que me fazias sentir. Foste a revolução de uma vida, da minha, e era tudo o que importava para que o meu sorriso permanecesse. E o meu sorriso permanece, mas por mim.
Eu juro que não sei para onde foram as canções, amor, nem as borboletas, nem a tua luz. O aperto no peito que sinto é por me perderes. E eu juro que não queria perder-nos.Não sei o que fazer agora com tantas lembranças, amor. Porque elas continuam lá. Eu continuo contigo, por todo o lado. Como se a tua voz ainda me enchesse o peito. A verdade é que não sei ficar sem ti, porque nunca me imaginei sem nós. Mas os dias vão, os amores acabam, as canções calam-se e os segredos mudam. Deixas-me quase vazia, amor, e se não fossem as lembranças a nossa história seria um lugar comum. Nós fomos diferentes, sempre fomos melhores, superiores a tudo o resto, indiferentes porque o Mundo era o nosso chão e tínhamos a força de cem beijos à chuva. Os amores acabam, e eu juro que não sei o que fazer aos dias agora que tu já não brilhas neles. Não é por mal que te deixo, amor. E o que fomos sufoca-me um pouco de cada vez. Mas sem as canções eu não sei continuar. Perdeu-se o encanto. Perderam-se as palavras. Perderam-se os teus lábios nos meus e tudo o que saía deles para o meu peito. O teu olhar, a tua luz. Perdeste o meu riso por entre as tuas mãos e perderam-se os segredos, os teus dedos, os sorrisos, o luar. Menos a tua voz. Eu não sigo sem a tua voz. Não vou partir sem que me digas que a tua voz vai comigo. Eu não a quero de mais ninguém... Juro que não sei porquê, mas eu não a quero noutro peito.
Vou começar a dizer-te adeus, amor...
Vais sempre arder-me no peito.
A Armadilha das Palavras
29.6.09
Os meus dias foram teus. Apareceste com o vagar de outro dia qualquer, tocaste-me o rosto, duas palavras e tudo mudou. São para ti estas linhas que escrevo, amor. Dava tudo para não deixar de te escrever. Mas agora que as canções nos teus olhos silenciaram, resta-me pouco mais do que palavras perdidas no papel. Dava tudo para não deixar de te ouvir. Dizias-me tanto sem palavras, a noite caía e eu também no teu abraço, a cabeça no teu peito e a mão enroscada na tua, quando é que o tempo deixou de parar para nós? Tento escrever-te mas já não me sais do peito como antes, as palavras não costumavam chegar, perdeste-me e eu perdi-nos, como gostava de nos achar... Dava tudo para te reencontrar. Para que as palavras não chegassem. Para que voltasse a sair luz do teu rosto e canções do teu olhar. Para que as recordações não me apertassem o peito. Para voltarem os beijos à chuva... Para me fazeres voar. Já não sei o que dizer, amor. Perderam-se as palavras. Calaram-se as canções. E eu sei que, ainda assim, a tua ausência vai ser sentida como nenhuma outra, vou desejar para sempre as tuas mãos no meu rosto, a tua boca, o teu olhar. A tua luz, a tua voz. Dava tudo para não me esquecer de nós...
Quem me dera ter-te mandado mais um beijo, amor. Quem me dera os meus olhos ainda fixos nos teus, que o meu sorriso ainda te encontrasse, tocar-te mais, abraçar-te mais. Voltasse o tempo atrás e eu não perdia um instante. Tenho o rosto traçado pela falta que fazes, sombreias as palavras que vou escrevendo como se elas te levassem um pouco. Vou debitando, um a um, cada pedaço das minhas recordações de ti, cada traço que ficou do teu sorriso, cada gesto que nos fez como fomos. E a verdade, meu querido, é que mesmo sem querer esquecer-te, porque te trouxe no peito a cada momento, há (grandes) pormenores que começam a ser difíceis de recordar. Quem me dera ter-te guardado só por mais um instante, ter-te gravado só mais uma linha do rosto, mais um tom da voz, quem me dera ter-te apertado com mais força contra o peito, só mais uma vez. Agora que não te tenho, amor, nada em nós foi suficiente. Os dias foram curtos demais e as noites nem chegaram para ficares nos meus braços, para eu saber o teu abraço, para ainda estar no teu colo a decorar segredos. Quem me dera ainda saber o teu beijo, mas o tempo não me chegou para decorar o gosto dos teus lábios contra os meus.
Foram tantos os instantes, mas eu dava tudo por outro segundo a segurar a tua mão, a cravar os dedos nos teus, a desfiar sonhos contigo. Dava tudo por um último pôr-do-sol, por mais um nascer da Lua, para ouvir o teu riso mais uma vez e poder decorá-lo, porque sabia que seria a última. Nada é suficiente agora que não estás, amor - e se eu soubesse... eu teria ficado acordada mais uma vez, só mais uma vez, a decorar o teu rosto, para o ter agora mais perto do meu.
29.3.09
23.10.08
Para Sempre.
Há momentos que me enchem o peito. Como este, amor. Estás aqui e os meus olhos decoram-te os traços e o olhar. Trazes contigo cada memória, cada dia, cada luar que prometeste ser só meu. Deste-me tanto em cada noite, trouxeste-me tantos sorrisos que ter-te aqui, à minha frente e atrás da eternidade, vale por sempre que não pudeste estar. É ter-te aqui por inteiro, numa noite em que os beijos à chuva não chegavam para te amar. E momentos como este enchem-me as mãos, amor. Enchem-nas de ti e de segredos e da chuva dos dias, do silêncio das noites - enchem-nas de nós. De palavras que não podem ser ditas porque nunca servirão para ti. Ainda és tu, perfeito demais na tua imperfeição, com toda a luz que te coube, a fazer-me passar pelos dias, a fazer-me correr para que o amanhã se apresse a chegar com o que pode ser outro sorriso. És tu, amor, que me dás a mão cheia de nada e a cravas na minha e ainda és tu, sobretudo, que me levas a voar. Ainda sou eu que me quedo perante o teu rosto enquanto todas as sombras dos teus traços, todos os teus contornos emanam luz e sorrisos e caminhos por onde não sei ir sem ti. Os teus olhos ainda soltam canções e os teus lábios, a tua voz. As tuas mãos ainda não deixam as minhas. E a melodia no teu olhar, a sintonia do teu peito com o meu, ainda fazem parte dos caminhos que corres comigo. Continuas lá, amor, no fundo do que me faz mover, no cerne dos meus motivos, como os dedos que tocam o rosto e que sem querer provocam sorrisos. É aí que eu te espero sempre, para sempre. Com uma mão cheia da tua e a outra cheia de nós. Para sempre.
22.10.08
É tarde, o relógio marca já as duas horas e enquanto a madrugada avança eu penso em ti. Não consigo esquecer-te, amor. Há tantas coisas só nossas, como esquecer os sorrisos, os segredos, os silêncios, as cumplicidades? Como tirar o teu rosto da recordação, como apagar as nossas noites? Eu quero-te de volta, amor. Por muito que eu me mantenha ocupada, por muito que tente, por muito que fuja das nossas canções e dos nossos lugares, tu estás sempre comigo, a tua mão mantém-se na minha, o teu cheiro na minha pele, os teus lábios no meu rosto. Estás ainda tão perto, meu amor. Pergunto-me se também te acompanho em noites como esta. Eu ainda sonho contigo, não só durante a noite, a tua ausência é-me próxima demais para que a possa ignorar. Não sei o que te dizer, amor. Enlouqueço. De solidão, de saudade, de gritar o teu nome sem que o ouças, de nos sonhar - enlouqueço, lentamente. Um dia vais procurar-me e já não vais encontrar-me aqui, porque me perdi de vez, porque nos perdi de vez. Não sei o que te dizer, amor. Já é tarde e os meus olhos não se fecham, nem por um minuto. E se eu adormeço e não te vejo chegar? Eu ainda espero que tu chegues, eu ainda espero que apareças e aí eu quero estar sã o suficiente para te cair nos braços desfeita em lágrimas. Percebi que não sei perder-te, não sei como te perder, como não te viver, amor. Como não nos rever em cada momento que foi só nosso.
É tarde, o relógio marca agora as duas e meia, ainda não me habituei à lentidão que os dias têm sem nós. Ouço o barulho de uma televisão algures, de vez em quando o ruído de um carro a passar na rua, um murmúrio do gato a espreguiçar-se. É melhor assim. O silêncio absoluto só me traz a tua voz e não me deixa descansar, o teu rosto enlouquece-me de vez - é melhor assim. Vou deixar os ruídos de fundo, vou apagar a luz - e vou ficar à tua espera, amor. E se eu adormecer sem que tu chegues, tanto melhor - nos meus sonhos esperas-me, com toda a certeza, com o teu sorriso e o teu conforto que não me deixam enlouquecer.
É tarde, o relógio marca agora as duas e meia, ainda não me habituei à lentidão que os dias têm sem nós. Ouço o barulho de uma televisão algures, de vez em quando o ruído de um carro a passar na rua, um murmúrio do gato a espreguiçar-se. É melhor assim. O silêncio absoluto só me traz a tua voz e não me deixa descansar, o teu rosto enlouquece-me de vez - é melhor assim. Vou deixar os ruídos de fundo, vou apagar a luz - e vou ficar à tua espera, amor. E se eu adormecer sem que tu chegues, tanto melhor - nos meus sonhos esperas-me, com toda a certeza, com o teu sorriso e o teu conforto que não me deixam enlouquecer.
23.8.08
Quero apenas cinco coisas...
Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim,
A segunda é ver o Outono,
A terceira é o grave Inverno,
Em quarto lugar o Verão.
A quinta coisa são os teus olhos.
Não quero dormir sem os teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da Primavera para que me continues olhando.
*
Pablo Neruda
Primeiro é o amor sem fim,
A segunda é ver o Outono,
A terceira é o grave Inverno,
Em quarto lugar o Verão.
A quinta coisa são os teus olhos.
Não quero dormir sem os teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da Primavera para que me continues olhando.
*
Pablo Neruda
6.7.08
Cinco dias.
Faz hoje cinco dias que não te tenho, amor. Muitos não poderiam, de modo algum, perceber. Cinco dias? O que são cinco dias?! Para mim, amor, cinco dias são uma eternidade - 120 horas sem ver o teu sorriso. E apesar de toda a minha vida ter mudado, pouca coisa à minha volta mudou. Tirei a aliança do dedo e guardei-a num lugar visível demais para que não me possa esquecer que ela não pertence ali, tirei a nossa fotografia do ecrã do computador e troquei-a por um pôr-do-sol que não me faz pensar menos em nós, troquei o nome carinhoso com que aparecias no meu telemóvel pelo teu nome - mas as tuas mensagens continuam todas lá. Deixei de poder ouvir a tua voz, de poder olhar-te enquanto me olhavas, o céu deixou de ter o mesmo azul, eu já não tenho o teu abraço. Eu não consigo esquecer-te, amor. Não consigo sequer deixar de te chamar amor. Que me importa que o Mundo continue a girar, se o teu sorriso já não me ilumina os dias? O tempo passa-me agora completamente ao lado, é como te disse, meu querido, eu vivo, mas num sítio muito mais escuro agora que não estás. As noites tornaram-se o meu território, é nelas que te lembro, que nos lembro, são as horas que reservo para pensar em ti e para, finalmente, deixar cair algumas lágrimas que me recuso a perder durante o dia.Confesso, meu amor, que espero que sintas a minha falta, tanto como eu sinto a tua, de uma maneira tão insuportável que, um dia destes, não aguentas mais a minha ausência e vens bater-me à porta, eu abro e tu encostas os teus lábios aos meus... Eu sei que te disse para seguires a tua vida, mas na verdade eu espero que não o consigas, não sem mim, eu sei que te disse que era melhor assim mas a verdade é que a tua ausência me rasga os dias e me fere o peito como nunca antes me tinha acontecido, amor... As saudades que tenho de ti moem-me o coração. Como to dizer? Como te mostrar que sem a tua voz eu não quero ouvir mais nada, como te fazer saber que não te esqueço, nem por um minuto, nem por um só segundo, amor? Como te contar que todos os nossos momentos, todos eles sem excepção, me batem ainda no peito e me fazem chorar todas as noites? Como te dizer que te quero de volta aos meus dias, como te dizer que eu sei que errei e que já perdoei e esqueci todos os teus erros, meu querido? Como contar-te isto tudo, como pedir-te que voltes, quando os meus lábios se cerraram na última vez que os beijaste?
Eu espero que ouças a minha prece no silêncio das noites que passas agora sem mim, espero que ela te chegue no beijo que te envio sempre antes de adormecer, espero que sintas com ele as saudades que tenho de ti e que percebas que afinal, amor, podes voltar...
Eu espero que ouças a minha prece no silêncio das noites que passas agora sem mim, espero que ela te chegue no beijo que te envio sempre antes de adormecer, espero que sintas com ele as saudades que tenho de ti e que percebas que afinal, amor, podes voltar...
3.6.08
As palavras que nunca te direi...
Sonhei contigo esta noite, amor...
Apareceste como antes, o meu sorriso saltou e tu ficaste. Lembro-me que o Mundo era redondo outra vez, que os teus braços me apertaram e, como antes, éramos nós. Ias fazer-me uma confissão ao ouvido quando acordei... Estás tanto em mim durante o dia que à noite, invariavelmente, sonho contigo... Fui tua em tantas noites, houve tantos momentos só nossos, tantas vezes me perdi nos teus braços. O que queres que te diga agora, amor? Perderam-se as palavras. O meu corpo apagou-se e circunda agora, errante, pelas esquinas em que antes te encontrava, o meu coração está frio e o meu peito, tão vazio como um deserto. De resto, ainda que já não o veja, ainda é o teu sorriso que me aquece um pouco a alma, ainda são as memórias do que fomos que me afagam com a mornidão dos dias que podíamos ter sido. Perdi as palavras num beijo, o último que trocámos, amor, e com ele ficou também a outra metade de mim. Sou só metade agora, falta-me a parte de dentro que hoje me esvazia o coração. Ecoaste-me tantas vezes no peito que, agora, é-me difícil não te ter. As palavras esgotaram-se para que te pudesse dizer que ainda te ouço o tempo todo, às tuas gargalhadas e ao sentido que me davam à vida, às tuas promessas e ao quanto me preenchias com o teu amor. Eu sei que te disse que esperava por ti, mas os dias tornaram-se mais escuros na tua ausência... E agora que não estás, agora que eu não estou, o teu rosto arde-me no peito como se nunca tivesses partido, tanto que não consigo parar de te chamar amor... Não perdi ainda uma lágrima, porque elas gastam-se por dentro, sinto-as a percorrerem-me a alma neste momento, em que todo o meu ser grita o teu nome de tanta saudade. Como vês, eu vivo, mas as cores do Mundo apagaram-se na tua ausência, no quanto que afirmo que nunca te vou esquecer.
Quero que saibas que ainda te sinto... Mas nunca te direi a falta que me fazes, meu amor.
Apareceste como antes, o meu sorriso saltou e tu ficaste. Lembro-me que o Mundo era redondo outra vez, que os teus braços me apertaram e, como antes, éramos nós. Ias fazer-me uma confissão ao ouvido quando acordei... Estás tanto em mim durante o dia que à noite, invariavelmente, sonho contigo... Fui tua em tantas noites, houve tantos momentos só nossos, tantas vezes me perdi nos teus braços. O que queres que te diga agora, amor? Perderam-se as palavras. O meu corpo apagou-se e circunda agora, errante, pelas esquinas em que antes te encontrava, o meu coração está frio e o meu peito, tão vazio como um deserto. De resto, ainda que já não o veja, ainda é o teu sorriso que me aquece um pouco a alma, ainda são as memórias do que fomos que me afagam com a mornidão dos dias que podíamos ter sido. Perdi as palavras num beijo, o último que trocámos, amor, e com ele ficou também a outra metade de mim. Sou só metade agora, falta-me a parte de dentro que hoje me esvazia o coração. Ecoaste-me tantas vezes no peito que, agora, é-me difícil não te ter. As palavras esgotaram-se para que te pudesse dizer que ainda te ouço o tempo todo, às tuas gargalhadas e ao sentido que me davam à vida, às tuas promessas e ao quanto me preenchias com o teu amor. Eu sei que te disse que esperava por ti, mas os dias tornaram-se mais escuros na tua ausência... E agora que não estás, agora que eu não estou, o teu rosto arde-me no peito como se nunca tivesses partido, tanto que não consigo parar de te chamar amor... Não perdi ainda uma lágrima, porque elas gastam-se por dentro, sinto-as a percorrerem-me a alma neste momento, em que todo o meu ser grita o teu nome de tanta saudade. Como vês, eu vivo, mas as cores do Mundo apagaram-se na tua ausência, no quanto que afirmo que nunca te vou esquecer.
Quero que saibas que ainda te sinto... Mas nunca te direi a falta que me fazes, meu amor.
6.5.08
Para ti, amor.
Hoje apetece-me escrever-te, amor. Apetece-me desenhar, letra por letra, o tanto que significas para mim. Contava-te tudo, se pudesse, mas ainda hoje as palavras não chegam - continuas a ser demais para o meu vocabulário, para qualquer poema, para qualquer verso de qualquer autor, porque nunca houve um amor assim. Costuma dizer-se que as coisas acontecem quando menos se espera. Tu aconteceste num dia de Verão, mesmo quando eu não esperava por ninguém, e o teu sorriso arrebatou-me a alma sem que eu pudesse (ou quisesse) evitar. Eu não te esperava, não esperava ninguém, muito menos alguém que conhecia há tanto tempo e que me mostrou, naquele Verão, uma parte de si que eu não sonhava existir em ninguém.
Lembro-me muitas vezes desse dia, do início de tudo, dos sorrisos que, de repente, me inundaram os dias, repletos de ti. Lembro-me do aperto no coração, do nó na garganta, das borboletas que me esvoaçavam no estômago sempre que se aproximava o momento em que ia ver-te. Começámos a namorar às escondidas, o que tornou tudo ainda mais interessante, o desejo de sentir os teus beijos era maior, de andar de mãos dadas contigo, de te abraçar sempre que não podia... Lembro-me dos olhares, os sinais que trocávamos sempre que havia alguém por perto e não nos podíamos tocar. E das desculpas que inventávamos para ficarmos só os dois. Lembro-me também, perfeitamente, de como adorei ir-te conhecendo, de como cada parte que ia descobrindo me fazia sorrir mais e mais, do modo como ficava surpreendida com a quantidade de coisas novas que aprendia contigo e sobre ti, aquele que eu já conhecia há tanto tempo - e tão mal! E guardo ainda os textos que te escrevi na altura, ao longo dos primeiros meses, os textos cujas palavras, pela primeira vez, não eram lamentos arrastados pelas folhas.
Hoje escrevo, essencialmente, a tua ausência, amor. Escrevo a falta que me fazes a cada dia, o vazio que deixaste nas horas livres que agora não sei como ocupar. Deixei de usar relógio, porque as horas já não interessam, o meu tempo passou a ser contado pelos dias, os dias que passam e os que faltam para voltar a ver-te. O tempo ganhou um sentido diferente, de tão devagar que anda quando não estás. Agora é a tua ausência que me marca os dias, amor, em vez do sorriso com que antes os iluminavas. Eu sinto-te a falta, sinto a saudade a apertar-me o peito sempre que penso em ti, sempre que uma fotografia me traz o teu rosto ou uma canção, o teu olhar. Estás longe, mas no meu coração o teu lugar mantém-se, o canto que ocupaste sem me pedires licença e que encheste com a tua voz. Estás longe, mas estás por todo o lado, meu querido - no ar que respiro, nas paredes do meu quarto, nos lençóis da minha cama, nos meus lábios, nos segredos que eles já te contaram ao ouvido... Hoje quis escrever-te e a cada contorno da tua pele, lembrar cada momento que já vivemos juntos, cada pedaço do teu ser que venero como nunca o tinha feito com ninguém. Sinto a tua falta tanto quanto te desejo, meu amor, a ti, com tudo o que és, com toda a luz que te sai do olhar, com cada ruga que se forma à volta dos teus olhos quando sorris - desejo-te, com a força de cem beijos à chuva, com cada poro da minha pele, com cada canto do meu peito que grita o teu nome. Mesmo a quilómetros de distância, o teu perfume mantém-se, o toque da tua pele, o teu calor, a maneira como a tua mão segura a minha quando passeamos ou como os teus dedos me afastam o cabelo do rosto, continua tudo tão perto como se nunca tivesses partido, meu amor... A urgência de te sentir, agora, é tanta que não consigo parar de te escrever, como se as palavras que nunca me chegaram deixassem as tuas mãos mais perto do meu rosto. Deixa-me só dizer-te mais uma coisa, amor... Eu consigo esperar por ti. Impossível é esquecer-te, impossível é não me morares no coração, é não ter o tempo todo o gosto da tua boca nos meus lábios, é não ansiar pelo momento em que volto a sentir-me inteira. Impossível, meu amor, é não te sonhar no futuro que espero para os dois, o futuro em que a tua presença vai ser tão real... que não vou poder sequer fingir que não te sinto.
(para ti, amor... porque vais sempre arder-me no peito.)
Lembro-me muitas vezes desse dia, do início de tudo, dos sorrisos que, de repente, me inundaram os dias, repletos de ti. Lembro-me do aperto no coração, do nó na garganta, das borboletas que me esvoaçavam no estômago sempre que se aproximava o momento em que ia ver-te. Começámos a namorar às escondidas, o que tornou tudo ainda mais interessante, o desejo de sentir os teus beijos era maior, de andar de mãos dadas contigo, de te abraçar sempre que não podia... Lembro-me dos olhares, os sinais que trocávamos sempre que havia alguém por perto e não nos podíamos tocar. E das desculpas que inventávamos para ficarmos só os dois. Lembro-me também, perfeitamente, de como adorei ir-te conhecendo, de como cada parte que ia descobrindo me fazia sorrir mais e mais, do modo como ficava surpreendida com a quantidade de coisas novas que aprendia contigo e sobre ti, aquele que eu já conhecia há tanto tempo - e tão mal! E guardo ainda os textos que te escrevi na altura, ao longo dos primeiros meses, os textos cujas palavras, pela primeira vez, não eram lamentos arrastados pelas folhas.
Hoje escrevo, essencialmente, a tua ausência, amor. Escrevo a falta que me fazes a cada dia, o vazio que deixaste nas horas livres que agora não sei como ocupar. Deixei de usar relógio, porque as horas já não interessam, o meu tempo passou a ser contado pelos dias, os dias que passam e os que faltam para voltar a ver-te. O tempo ganhou um sentido diferente, de tão devagar que anda quando não estás. Agora é a tua ausência que me marca os dias, amor, em vez do sorriso com que antes os iluminavas. Eu sinto-te a falta, sinto a saudade a apertar-me o peito sempre que penso em ti, sempre que uma fotografia me traz o teu rosto ou uma canção, o teu olhar. Estás longe, mas no meu coração o teu lugar mantém-se, o canto que ocupaste sem me pedires licença e que encheste com a tua voz. Estás longe, mas estás por todo o lado, meu querido - no ar que respiro, nas paredes do meu quarto, nos lençóis da minha cama, nos meus lábios, nos segredos que eles já te contaram ao ouvido... Hoje quis escrever-te e a cada contorno da tua pele, lembrar cada momento que já vivemos juntos, cada pedaço do teu ser que venero como nunca o tinha feito com ninguém. Sinto a tua falta tanto quanto te desejo, meu amor, a ti, com tudo o que és, com toda a luz que te sai do olhar, com cada ruga que se forma à volta dos teus olhos quando sorris - desejo-te, com a força de cem beijos à chuva, com cada poro da minha pele, com cada canto do meu peito que grita o teu nome. Mesmo a quilómetros de distância, o teu perfume mantém-se, o toque da tua pele, o teu calor, a maneira como a tua mão segura a minha quando passeamos ou como os teus dedos me afastam o cabelo do rosto, continua tudo tão perto como se nunca tivesses partido, meu amor... A urgência de te sentir, agora, é tanta que não consigo parar de te escrever, como se as palavras que nunca me chegaram deixassem as tuas mãos mais perto do meu rosto. Deixa-me só dizer-te mais uma coisa, amor... Eu consigo esperar por ti. Impossível é esquecer-te, impossível é não me morares no coração, é não ter o tempo todo o gosto da tua boca nos meus lábios, é não ansiar pelo momento em que volto a sentir-me inteira. Impossível, meu amor, é não te sonhar no futuro que espero para os dois, o futuro em que a tua presença vai ser tão real... que não vou poder sequer fingir que não te sinto.
(para ti, amor... porque vais sempre arder-me no peito.)
23.4.08
Às vezes o mais difícil é começar. A deixar-te o rosto, a perder o teu rosto. Sinto-me agora mais só do que nunca. O vazio no meu peito é tão grande que quase consigo ouvir o eco da solidão que carrego comigo - ninguém é tão só como eu. São dias longos, estes que me varrem a alma e a deixam tão pequena que eu quase não caibo nela. Mais uma vez, as lágrimas correm-me o peito sem que alguém as veja, sem que alguém note que eu não estou por trás do olhar que carrego, e eu não percebo porque ninguém me vê chorar. Devia haver um aparelho para medir a dor, qualquer coisa que, a certo momento, dissesse: "Esta pessoa atingiu os seus limites de dor e, se ninguém a ajudar, em breve ela não vai conseguir manter-se viva.". Porque, certamente, a dor tem os seus limites - e, certamente, ninguém pode viver com tanta dor. E a minha é a maior de todas, a minha solidão é a mais imensa - porque mais ninguém é igual a mim. É mais do que uma dor, é angústia, uma angústia que me corre nas veias e que me percorre o corpo. Sinto-a nas pontas dos dedos e tento passá-la para o papel, mas é-me impossível fazê-lo - não há, no mundo inteiro, palavras que cheguem para a minha dor, e eu só espero que a noite venha e me adormeça outra vez. Não há dia cinzento tão pesado como o meu coração, nem cemitério tão vazio como o meu peito. Não há, sequer, melodia tão triste como os meus olhos.
15.4.08
Não sei porque ainda te penso. Não sei porque, de vez em quando, ainda recordo tudo o que tentei esquecer. Já passou mais de um ano, já não devias vaguear-me no pensamento, nem ecoar-me nos ouvidos, mas não me deixas em paz. Na verdade, há dias em que me passas tempo demais na cabeça. Sabes, apesar de não te querer pensar, há vezes em que quase sinto a falta dos tempos em que me desejavas. A improbabilidade de me quereres tornou tudo muito mais interessante, muito mais imprevisível, tornou-te muito mais difícil de resistir - e eu quase não te resisti. Foi por pouco que não cometi aquele que seria, provavelmente, um dos maiores erros da minha vida - cair-te nos braços. Fizeste-me roçar a insanidade de tanto que te pensei, de tanto que nos imaginei, de tanto que eu tremia quando te aproximavas de mim. Mentia se te dissesse que já não importas, se te jurasse que o teu toque já me é indiferente - passou mais de um ano, e continuas a exercer poder sobre mim. Angustias-me, acima de tudo. Com a ideia de tudo o que podíamos ter sido. Com as palavras manifestas de desejo que me dirigiste. Com os toques subtis e os olhares fatais. Como num romance erótico barato, mas um que nunca chegou a acontecer. Não me interpretes mal, ainda te odeio... mas às vezes custa-me não te desejar.
(Leio a má qualidade do que acabei de escrever. Fizeste-me deixar de escrever textos bonitos - é impossível que algo dirigido a ti me saia do coração. Fiz uma promessa, é tudo o que me importa. Estas palavras nunca me vão sair da boca, e as folhas em que escrevo, nunca as lerás. Tu hás-de sair-me do pensamento. Mas será que algum dia vou esquecer-te...?)
(Leio a má qualidade do que acabei de escrever. Fizeste-me deixar de escrever textos bonitos - é impossível que algo dirigido a ti me saia do coração. Fiz uma promessa, é tudo o que me importa. Estas palavras nunca me vão sair da boca, e as folhas em que escrevo, nunca as lerás. Tu hás-de sair-me do pensamento. Mas será que algum dia vou esquecer-te...?)
5.4.08
Há dias em que ninguém nos vê a alma. O desalento aterra-nos nas mãos e não nos queremos mostrar a ninguém. Está tudo lá, tudo estampado no olhar, com a transparência quase urgente de quem quer pedir ajuda, e ninguém nos lê por dentro. É quase como ter o poema perfeito e não ter uma caneta à mão. Como ter o infinito à frente e não ter coragem para saltar. Há dias em que ninguém nos vê a alma. É como lançar os dados dez vezes seguidas e nunca nos sair seis. A correlação incompleta, a associação directa imperfeita - a relação quase linear entre o que nos bate no peito e o que nos corre no olhar. Podia ser perfeito, podia ser matemático - mas não é. Está tudo lá, tudo estampado no olhar, a letra das canções em sintonia com o desenho do rosto, o vagar dos dias, o pesar das noites. Ainda assim, ninguém nos desvenda a vontade (ter o Mundo aos nossos pés nunca foi suficiente). Quase que vivo, quase que dói. Quase.
Quem me dera, às vezes, que me vissem a alma. Quem sabe se assim, por uma vez, os dados não paravam no seis.
Quem me dera, às vezes, que me vissem a alma. Quem sabe se assim, por uma vez, os dados não paravam no seis.
1.4.08
É desta.
The world was on fire and no one could save me but you
It's strange what desire would make foolish people do
I never dreamed that i'd meet somebody like you
and i never dreamed that i'd lose somebody like you
No, i don't wanna fall in love...
No, i don't wanna fall in love...
with you.
What a wicked game to play
to make me feel this way
What a wicked thing to do
to let me dream of you
What a wicked thing to say
you never felt this way
What a wicked thing to do
To make me dream of you
No, i don't wanna fall in love...
No, i don't wanna fall in love...
with you.
(Chris Isaak)
(Chris Isaak)
*
Ainda hoje penso em ti. De vez em quando. Ocorres-me em pensamento quando as coisas não correm bem, foste um plano de fuga da realidade por algum tempo. Ainda hoje não te perdoo. O modo como mudaste tudo, entraste-me pela dignidade adentro, fiquei desprovida de qualquer vestígio de vontade própria que alguma vez tivera. Deitaste tudo por terra, tudo - as certezas que eu tinha, os moralismos que engolia a acenar com a cabeça juntamente com a outra metade do mundo - é claro que não, é claro que não faz sentido, como é que pode haver apenas sexo entre duas pessoas, não faz sentido nenhum, como é que uma atracção física, uma química, sei lá, chamem-lhe o que quiserem, como é que isso resulta em sexo, em algo tão íntimo (e, pelos vistos, igualmente mundano) como o sexo? Não pode ser, não faz sentido nenhum, nenhum, nenhum, que tipo de pessoas são essas? Tu mudaste tudo, e eu odeio-te por isso desde então. Fez agora um ano. Uma mensagem. Bastou algo tão simples como uma mensagem para eu passar a odiar-te tanto que te desejei - ou a desejar-te tanto que te odiei, que diferença faz? Desejei-te. Desejei-te todos os dias, a maior parte das noites, pensei em ti mais vezes do que devia. Amor platónico? Não. Desejo. Puro e duro. Como o nome o indica. Como o sexo (pelos vistos) deve ser. Desejo puramente, meramente (e sublinho, meramente) carnal. O teu corpo no meu, a minha pele encostada à tua, o suor, os beijos (ou nem tanto), as minhas mãos no teu peito, as tuas mãos no meu corpo, no meu cabelo, em cada centímetro da minha pele. Adivinhei-te o corpo, o toque, os gestos, a firmeza dos músculos que só vi através de uma ou outra t-shirt mais justa. Desejei tudo isto por tempo demais, sonhei com isso, pensei nisso antes de adormecer, ao acordar, ansiei por isso. Ainda penso nisso de vez em quando - quando as coisas correm mal e os pensamentos me escapam para onde não devem. De vez em quando. Bom, quase todos os dias. Ou todos os dias. Confesso. Mas já não me inundas a imaginação como antes - mais cedo ou mais tarde, tinhas de me sair de dentro do peito onde, na verdade, nunca ocupaste lugar (a não ser que haja, algures no nosso peito, um lugar reservado aos desejos meramente carnais). Trocaste-me as voltas, é tudo o que importa. E ainda hoje te odeio por isso. Tanto que quase já não te desejo. E desculpa lá qualquer coisa, mas tinha de te escrever para ver se, de uma vez por todas, me deixas os pensamentos em paz.
31.3.08
Mil segredos.
Trago-te no bolso mil segredos. Lembras-te de quando me levavas a voar? Tenho ainda na memória tudo o que me disseste ao ouvido, o sorriso que nem sequer tentei esquecer - o teu sorriso. Ainda tudo no meu peito, cada minuto de cada dia, cada promessa que soltámos, cada noite que voava quando estava nos teus braços. O tempo que nos surpreendeu, contra tudo o que conhecíamos, afinal vinte e quatro horas pareciam-nos vinte e quatro minutos, vinte e quatro dias quando a distância nos separava. Trago-te no bolso muito mais do que saudades. Tu fazias-me sonhar como eu nunca tinha sabido. O meu destino nas tuas mãos, lançavas os dados e eu tropeçava nas consequências da tua sorte - eu esperava que nos calhasse seis. Eu esperava a eternidade, mesmo com os mil segredos por contar, tu ias fazer-me falta como nada até ali o tinha feito, e estava certa. Por dentro, a minha cabeça continua no teu peito, o teu sorriso, tão aberto como antes, o teu olhar ainda colado ao meu rosto... as palavras a sairem-te dos lábios e do fundo da sinceridade. Éramos almas gémeas, tenho a certeza - mas os dados não jogaram a meu favor. Um dia destes, peço-te que os voltes a lançar. E se o resultado não for bom, já sabes - troco um bolso de segredos por outra mão cheia de sonhos. Como da primeira vez, vai valer a pena.
28.3.08
Com a força de cem beijos à chuva.
Amei-te com a força de cem beijos à chuva. Ainda me custa soltar as palavras que para ti nunca foram suficientes, deixaste um espaço em branco que palavra nenhuma pode ocupar. Que vou dizer-te, que tenho saudades tuas? Saudade é só uma palavra. Que hei-de esquecer-te? Antes lembrar-te... Prefiro lembrar-te. Prefiro trazer um pouco do que me davas a cada dia, e lembrar-te - lembrar-nos. Recordar a tua paz, a calma com que revestias os gestos, eu era capaz de te observar durante horas, admirava-te o sorriso e o olhar e a simplicidade que te traçava o rosto, não me esqueço de um só minuto corrido ao teu lado, ainda te guardo os lábios de encontro à minha face... O poder com que me tocavas sem sequer me tocares. E hoje, que a tua força já não me aquece os braços, que a tua voz já não me toca o coração, a tua ausência marca o tempo e a diferença de não estares. Como dizer-te que te amei, como mostrar-te que foste muito mais do que tudo até agora? Como tocar-te o rosto se a tua ausência me atou as mãos? Fazes-me falta aos dias, é muito mais do que saudades, tu não tiveste outra opção senão partir... Eu bem disse que não queria mais histórias de amor. Mas tu chegaste e nem me deste tempo para pensar, entraste-me pelo peito adentro e, agora, a vida é mais vazia do que tu a encontraste. Mil palavras na minha cabeça e nenhuma me chega para nos contar. Amei-te com a força de cem beijos à chuva... Amei-te cada traço, cada contorno, cada segundo, cada minuto da tua pele cujo cheiro ainda guardo. O teu riso ainda flutua nas minhas horas perdidas, ainda o teu rosto quando fecho os olhos, ainda e para sempre o calor do teu abraço, o conforto que era a minha cabeça no teu peito. As horas arrastam-se agora pelos dias, deixei de saber gerir o tempo no momento em que levaste contigo os nossos instantes, fazes-me falta em cada lugar que partilhámos, em cada plano que ficou por concretizar... Eras tudo. Amo-te, ainda... com a força de cem beijos à chuva.
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