- Ficam bem os dois juntos - disse a rapariga do bar com o seu ar traquinas.
Olhei para o lado para ver quem era. Não a conhecia.
- É demasiado bonita para mim.
Ela riu-se, depois disse-me:
- A beleza é assim tão importante?
- É sempre,acredita em mim, é sempre...
- É só isso que te atrai numa mulher?
- É. - digo-lhe eu com a minha habitual frieza.
- Lá se vai o mito da beleza interior- diz-me ela desviando o olhar, quase me virando costas.
- Na verdade, a minha mulher ideal tem de conhecer três palavras.
- Ah! ainda há quem tenha ideais... e quais são essas palavras? - pergunta-me ela voltando aos meus olhos.
- Cumplicidade, respeito, construção.
Ela ri-se. Eu continuo:
- É engraçado que são três substantivos femininos, pena é que raramente se apliquem às mulheres.
- Só isso?
- E serem bonitas, como é óbvio. Não precisam de ser tão bonitas como tu.
- Obrigado pelo elogio, mas não acho a beleza assim tão importante.
- As pessoas bonitas nunca acham. Nós queremos sempre aquilo que não temos.
- Essa auto-estima vai muito mal.
- Não tão mal assim...
- Humm... Deixa-me ver... Respeito, cumplicidade e?
- Construção.
- As outras palavras são quase clichés. Explica-me essa!
- Claro que explico. Palavra a palavra, tal qual pedra sobre pedra.
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