Angustia-me a pressa dos dias com que te apago do coração. A pontaria das palavras, o tiro certeiro com que as soltavas, uma a uma, nas minhas mãos, a destreza com que me desfizeste e a quase tudo o que era teu. O último roçar de lábios que me soube a pouco mais do que despedida - o beijo amargo que, a pouco e pouco, diz adeus.
Esta é a última vez. Nunca mais o teu nome no meu peito, nunca mais. Nunca mais a tua luz no meu olhar, é a última vez que te carrego o rosto nos braços, a tua mão na minha, nunca mais. Eu não vou voltar atrás, é o fim dos segredos, os teus dedos, o meu céu, a Lua que era minha e acabou por se perder (eu vou aprender a andar sem que me leves pela mão.). E não quero mais canções que me tragam o teu tempo, foram demais as poucas vezes que voltaste, as horas mortas que trouxeram pouco mais do que indiferença, os momentos - as virtudes do amor que se cruzaram num último beco sem saída... Eu não sei de ti e, embora a tua ausência ainda me sufoque a alma, por dentro, é o fim das chances que sei que não vão voltar, as esquinas à noite já não guardam os teus passos, a chuva já não me traz restos de nós e eu sei que o meu tempo, agora, é todo meu. E porque foram demais as vezes em que desfizeste o que deixaste de bom, porque vezes demais escolheste não me olhar ainda que eu ficasse à tua frente, eu vou fingir que te esqueci e sorrir enquanto me for possível, vou ignorar a tua boca e tudo o que me traga a tua voz e guardar apenas o último roçar de lábios que me soube a pouco mais do que despedida...
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