10.10.05

Apanhaste-me como quem sonha e eu não soube voar - perdi a conta às asas quebradas em prole de um futuro desigual, a melodia acutilante que o meu ode a qualquer dia soltava. É agora, que cada hora é sem ti, que me corre nas veias a metátese de outro dia qualquer e só agora, sem ti, o tempo toca nos segredos que não me apresso a desvendar.
Foste tu. Foste tu que me aqueceste os dias, aparentemente, quando a tua luz nem bastava para ti. Foste tu que me desenhaste as estrelas no infinito, mas elas já estavam lá antes. Foste tu que me fechaste os olhos ao mundo mas que acabaste por me tirar da cabeça a ideia das histórias de amor, fizeste-me perder tantas vezes mas eu acabei por ganhar, tantas vezes me abraçaste mas, afinal, eu não preciso de ti. E se um dia me tapaste o Sol para que só pudesse ver as estrelas, hoje a tua voz já não me diz nada, as tuas mãos já não me roçam o desespero e os teus lábios já não soltam, nunca mais, as estórias que me costumavam contar.*

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