16.5.06

Fugir do calor que me deste aos dias ou...

( Disse-te um dia para teres cuidado, "as palavras têm armadilhas" avisei-te, atiraste-me uma gargalhada, "os teus olhos também têm...")

Fugir do calor que me deste aos dias ou seguir o fio que trago no peito. Perder-me contigo, um sorriso na esquina, a lufada de ar fresco com que te antecipei, o primeiro beijo. Já me trazes tanto que as noites não me chegam para te sonhar - pior, muito pior, já não quero esquecer-te. Num segundo, voltaram as mãos, os segredos, o luar; num segundo, o teu rosto no meu pensamento, o teu nome nos lábios, a tua voz no meu ouvido, a ironia nas canções que já não queria ouvir. E o fundo dos meus olhos que nunca vês como não podes.
Acompanho-te o sorriso sem hesitar, a maioria do tempo não há nada a pôr em causa, perdes o olhar na monotonia dos meus traços e eu tropeço, como sempre, na distância das palavras. De novo, como nunca, o nó na garganta, como nunca os momentos são instantes contigo e sem ti eternidades. Mais uma vez, mais que uma vez, não sei de mim nos teus braços, desapareço no teu peito, adormeço em cada minuto da tua pele de encontro à minha.
Fugir do calor que me deste aos dias ou seguir o fio que trago no peito - o que fazer quando os olhos nos espelham a alma? Quando calamos o coração e ele se faz ouvir na mesma, quando fingimos - o que fazer? Eu não sei dizer-te outra coisa senão o amor, o teu rosto embarga-me a voz e o desejo de que fiques, só tu me ouves o silêncio com que encho cada olhar... Para além de mim, os dias apagaram-se, invariavelmente, invariavelmente o futuro soa a estranho, era de prever o fim das (des)ilusões - mas eu não me consigo evitar. Não é o destino, as tuas mãos formam coincidências que não se esquecem assim, o teu sorriso curva-se até ao infinito, a tua presença faz eco a quilómetros de distância. Não é perfeito, é mais do que isso - eu espero-te para sempre, como se o amanhã não chegasse e o ontem nunca tivesse existido.

17.3.06

A Armadilha do Silêncio

Agora é a minha vez. De agarrar as tuas mãos, de puxar as tua mãos, de ficar perdido às tuas mãos. De viver o tempo que se perdeu, que na distração dos dias fingiu não ver-nos. É a minha voz a dizer-te de repente, uma frase qualquer muito parecida com um estou aqui, e nesse repente tu também saberes que eu daqui nunca tinha saido e tinha sido os olhos das letras por onde te guiava. É como tu sabes, o silêncio é a maior das armadilhas, porque esconde todas as palavras.

13.1.06

para recordar..

"O que é que estás a fazer...?"
"- Estou a procurar nos teus olhos..."

(Abre-me a janela do teu sorriso para sempre...)