30.11.04

Só eu vejo, ninguém mais sabe e só eu sinto. Só eu vejo de fora o que é dor, só eu sei. O grito que sempre calei no lugar do meu lamento, a água que cai no vidro sem que mais ninguém a ouça ou dê por ela. Só eu choro.
Desperto ao largo das ruas o instante que me limpa a alma, é como ver a ironia nos teus olhos, há dias em que me dói a tua luz que me é tudo. As palavras custam, é verdade, e se é difícil escondê-las é pior fingi-las, ainda me doem os segredos que enganei em vão, é tudo uma questão de tempo, tudo acaba por voltar para nós.
Eu sei que ando muitas vezes sem saber para onde, sei que grito sem saber a quem; eu, soluço por dentro o tempo todo, sem saber que mão espero que me limpe as lágrimas... Não vês que só a tua luz é o meu sol, que só o teu carinho me abraça a dor, que só tu me deixas no peito o pouco de riso que tenho, sem ti nem eu era possível como sou... Eu morro todos os dias um pouco, todas as noites perco algo de mim. Mas tu existes, e enquanto formos nós eu sei que vai sobrar sempre um pouco de tudo aquilo que te pareço onde me possa agarrar.

25.11.04

(recomeçar)

(...)
E uma urgência enorme
De nos voltarmos a ter,
E de te ouvir dizeres-me
Tudo o que ficou por dizer
Diz-me palavras meigas,
Como eu sempre quis ouvir,
Fala-me do futuro,
De tudo o que está para vir,
Cega-nos novamente,
Torna a ser o que eu sempre quis,
Diz outra vez que até morres,
Desde que eu seja feliz;
Volta a dizer que me amas,
Que sempre precisaste de mim,
Repete que me adoras,
Que tudo o que não queres é o fim
Fala-me de amor como sempre,
Como antes de o fim chegar;
Começa tudo de novo,
Torna a ensinar-me a amar...

19.11.04

história

Já bati à porta da noite mais triste...
Fui pedir-lhe os sonhos que me canso de ver,
Os pedaços de mim, de onde nunca saíste
Implorei-lhe que assim me ajudasse a viver...
E abri-lhe o meu peito, para que visse
O teu nome ainda solto no meu...
Sempre o que não fui... tudo o que não disse...
(quem me dera um dia voltar a ser eu...)
Já bati à porta da noite mais triste...
Pedi, já cansada, "Tu que me ouviste,
Estende-me a mão e leva-me a voar..."
Mas ela respondeu-me, numa brisa solta
"Lamento, mas o que passou já não volta...
Fica no teu canto e limita-te a sonhar..."

6.11.04

lua

Nem um ruído se nota ao longo da rua...
Um soluço, um abraço... nada no ar...
Um sussurro escondido à beira da lua,
Um lamento arrastado, alguém a passar...
Que força a da noite quando a Lua aparece
e eu lembro... se eu pudesse esquecer...
As ruas encontram-se, como quem tece
Fragmentos daquilo a que chamo anoitecer...
Que só a Lua parece esta noite no céu...
É como se soubesse como é por vezes ser eu,
Como dói a minha alma no final de cada dia...
Também ela brilha quando, na verdade, chora...
Que dor imensa... que triste que é vê-la agora...
Que vontade de a tocar, de lhe pedir que sorria...
Tu és o meu sorriso...