9.5.07

Entre o tu e o nada

Às vezes, de tanto te pedir, desembrulho da tua boca um sorriso amarrotado como uma prenda já entregue. Um sorriso que nos sai da boca mas não nos cai da alma. Outras vezes, sem te pedir, sem aviso prévio como uma má notícia, só que boa, vem um sorriso vestido de gala e de dia, de muito dia e muita luz como um sol grande que faz um grande dia, um bom dia de verão, um bom dia em qualquer lugar e em qualquer estação. Sim, também há vezes, que mesmo sem te pedir, sem te ver, ou te ter presente, esse sorriso vem à memória como se a lembrança fosse uma coisa que se tivesse assim à mão de semear, e fica na memória e brinca nas recordações e renasce no presente de o ter na minha boca. É uma viagem tão boa. Nessas vezes, sem que tu saibas, sem que tu tenhas pedido, sem que sequer percebas, um outro sorriso principia. Não, não na boca, ou sim na boca, mas na boca da alma, onde o som não entra, onde o som não sai, mas onde a vontade perdura, onde o tempo não sabe o tempo que demora a passar como se a eternidade fosse coisa para se poder fazer. Por vezes, sim, somente por vezes, como se a raridade fosse coisa de valor, sem que tu saibas, um sorriso, um sorriso desde que teu, é apenas a grande diferença entre o tu e o nada.