23.10.08

Para Sempre.

Há momentos que me enchem o peito. Como este, amor. Estás aqui e os meus olhos decoram-te os traços e o olhar. Trazes contigo cada memória, cada dia, cada luar que prometeste ser só meu. Deste-me tanto em cada noite, trouxeste-me tantos sorrisos que ter-te aqui, à minha frente e atrás da eternidade, vale por sempre que não pudeste estar. É ter-te aqui por inteiro, numa noite em que os beijos à chuva não chegavam para te amar. E momentos como este enchem-me as mãos, amor. Enchem-nas de ti e de segredos e da chuva dos dias, do silêncio das noites - enchem-nas de nós. De palavras que não podem ser ditas porque nunca servirão para ti. Ainda és tu, perfeito demais na tua imperfeição, com toda a luz que te coube, a fazer-me passar pelos dias, a fazer-me correr para que o amanhã se apresse a chegar com o que pode ser outro sorriso. És tu, amor, que me dás a mão cheia de nada e a cravas na minha e ainda és tu, sobretudo, que me levas a voar. Ainda sou eu que me quedo perante o teu rosto enquanto todas as sombras dos teus traços, todos os teus contornos emanam luz e sorrisos e caminhos por onde não sei ir sem ti. Os teus olhos ainda soltam canções e os teus lábios, a tua voz. As tuas mãos ainda não deixam as minhas. E a melodia no teu olhar, a sintonia do teu peito com o meu, ainda fazem parte dos caminhos que corres comigo. Continuas lá, amor, no fundo do que me faz mover, no cerne dos meus motivos, como os dedos que tocam o rosto e que sem querer provocam sorrisos. É aí que eu te espero sempre, para sempre. Com uma mão cheia da tua e a outra cheia de nós. Para sempre.

22.10.08

É tarde, o relógio marca já as duas horas e enquanto a madrugada avança eu penso em ti. Não consigo esquecer-te, amor. Há tantas coisas só nossas, como esquecer os sorrisos, os segredos, os silêncios, as cumplicidades? Como tirar o teu rosto da recordação, como apagar as nossas noites? Eu quero-te de volta, amor. Por muito que eu me mantenha ocupada, por muito que tente, por muito que fuja das nossas canções e dos nossos lugares, tu estás sempre comigo, a tua mão mantém-se na minha, o teu cheiro na minha pele, os teus lábios no meu rosto. Estás ainda tão perto, meu amor. Pergunto-me se também te acompanho em noites como esta. Eu ainda sonho contigo, não só durante a noite, a tua ausência é-me próxima demais para que a possa ignorar. Não sei o que te dizer, amor. Enlouqueço. De solidão, de saudade, de gritar o teu nome sem que o ouças, de nos sonhar - enlouqueço, lentamente. Um dia vais procurar-me e já não vais encontrar-me aqui, porque me perdi de vez, porque nos perdi de vez. Não sei o que te dizer, amor. Já é tarde e os meus olhos não se fecham, nem por um minuto. E se eu adormeço e não te vejo chegar? Eu ainda espero que tu chegues, eu ainda espero que apareças e aí eu quero estar sã o suficiente para te cair nos braços desfeita em lágrimas. Percebi que não sei perder-te, não sei como te perder, como não te viver, amor. Como não nos rever em cada momento que foi só nosso.
É tarde, o relógio marca agora as duas e meia, ainda não me habituei à lentidão que os dias têm sem nós. Ouço o barulho de uma televisão algures, de vez em quando o ruído de um carro a passar na rua, um murmúrio do gato a espreguiçar-se. É melhor assim. O silêncio absoluto só me traz a tua voz e não me deixa descansar, o teu rosto enlouquece-me de vez - é melhor assim. Vou deixar os ruídos de fundo, vou apagar a luz - e vou ficar à tua espera, amor. E se eu adormecer sem que tu chegues, tanto melhor - nos meus sonhos esperas-me, com toda a certeza, com o teu sorriso e o teu conforto que não me deixam enlouquecer.