13.12.04

Saudade...

Saudade é uma palavra muito bonita.
Lembro-me de me dizeres uma vez que só existia em Português,
que não havia palavra que a traduzisse noutra língua,
e que por causa disso era tão difícil se definir o que é a saudade.
Como é que se esquece alguém que se amou? Sim. Será isto possível?
Será possível viver a vida de uma forma diferente
e retirar da consciência uma porção significativa da juventude?
Claro que não. Eu ainda me lembro de ti, eu ainda sonho contigo,
coisa que nunca sonhava vir a acontecer quando te tinha comigo.
Nesses tempos só tinha pesadelos, só tinha medo de te perder. E perdi. Ironia?
Sim. Sonho contigo. Sonho o teu calor, sonho o teu corpo abraçando-me no escuro,
sinto-te a respirar sem fôlego ao pé de mim, a soprar-me de leve no pescoço...
vejo-te tão perto e no entanto tão longe... Isto é saudade.
Vejo-te triste na hora da partida, a chorar sentada no chão,
com a dor toldada no teu rosto de primavera,
com o orgulho a impedir o pranto,
com a esperança que o tempo parasse e que o passado fosse a eternidade...
"Como é que se esquece alguém que se ama?
Como é que se esquece alguém que nos faz falta
e que nos custa mais lembrar que viver?
Quando alguém se vai embora de repente
como é que se faz para ficar?
Quando alguém morre, quando alguém se separa
- como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm que morrer, os amores de acabar.
As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros,
os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece?
Devagar. É preciso esquecer devagar.
Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode-lhe ficar para sempre(...)"
Tenho saudades tuas, "totiça"...
*
The Crow

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