29.6.09

Quem me dera ter-te mandado mais um beijo, amor. Quem me dera os meus olhos ainda fixos nos teus, que o meu sorriso ainda te encontrasse, tocar-te mais, abraçar-te mais. Voltasse o tempo atrás e eu não perdia um instante. Tenho o rosto traçado pela falta que fazes, sombreias as palavras que vou escrevendo como se elas te levassem um pouco. Vou debitando, um a um, cada pedaço das minhas recordações de ti, cada traço que ficou do teu sorriso, cada gesto que nos fez como fomos. E a verdade, meu querido, é que mesmo sem querer esquecer-te, porque te trouxe no peito a cada momento, há (grandes) pormenores que começam a ser difíceis de recordar. Quem me dera ter-te guardado só por mais um instante, ter-te gravado só mais uma linha do rosto, mais um tom da voz, quem me dera ter-te apertado com mais força contra o peito, só mais uma vez. Agora que não te tenho, amor, nada em nós foi suficiente. Os dias foram curtos demais e as noites nem chegaram para ficares nos meus braços, para eu saber o teu abraço, para ainda estar no teu colo a decorar segredos. Quem me dera ainda saber o teu beijo, mas o tempo não me chegou para decorar o gosto dos teus lábios contra os meus.
Foram tantos os instantes, mas eu dava tudo por outro segundo a segurar a tua mão, a cravar os dedos nos teus, a desfiar sonhos contigo. Dava tudo por um último pôr-do-sol, por mais um nascer da Lua, para ouvir o teu riso mais uma vez e poder decorá-lo, porque sabia que seria a última. Nada é suficiente agora que não estás, amor - e se eu soubesse... eu teria ficado acordada mais uma vez, só mais uma vez, a decorar o teu rosto, para o ter agora mais perto do meu.

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