29.10.04

Levem-me daqui os sonhos que perdi num dia igual, passem a mão no meu rosto e sequem as minhas lágrimas. Peguem-me na mão e vejam nos meus olhos o que ninguém vê, ouçam o lamento que arrasto sem intenção. Ninguém o faz.
Quem me dera um pouco de paz, quem me dera a noite de vez. O silêncio do vazio ecoa-me nos ouvidos. A mágoa que quis esquecer entra de novo no meu peito e ninguém conhece a minha dor. Não tenho força, nem as lágrimas que perco no final de cada dia (como dói ser eu...) me lavam a alma (e como dói ninguém saber...).
Beijem-me os dias de vez, abracem-me os gritos que tento soltar em vão. Já não sei voar, não pertenço aqui, não sei que reconforto ainda me prende o coração. Queria gritar a distância entre mim mas a minha voz mantém-se ainda no meio da minha solidão.
Não há ninguém que me responda? Ninguém que me solte de vez as palavras nas horas que sempre quis ouvir... se alguém soubesse.
E eu não sei como vou ter de me manter desperta, o meu pedido de ajuda ainda a ecoar-me no peito...
Levem-me de vez para onde posso ser feliz, deixem-me ser só sem que ninguém me interrompa. Parem o Mundo que eu quero descer...

2 comentários:

InkBottle disse...

É uma tortura insuportável viver com palavras escondidas, fechadas em nós, quando elas pedem que as deitemos fora. Eu espero que alguém te ouça e te estenda a mão ou então que te liberte.

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

O mundo não para,nós é que por vezes temos que parar um pouco. texto intenso. abraço