26.10.04

Os teus dias

Quando te conheci o sol ainda era este de todos os dias. No dia seguinte, no dia seguinte a ter-te conhecido, o sol era o mesmo. E já não era. Sobrevoava as noites que pareciam sempre as mesmas, e depois... depois já não eram. E era a música que sempre tocava no meu leitor, a música que, por acaso, ouvimos inteira à porta de tua casa. No dia seguinte, nessa manhã de Primavera mas de chuva, a música que era a mesma, também já não era. E foi assim com muitas coisas, durante muitos mais dias com muitas outras coisas. É, de repente, já nada era o mesmo. Já não era só a Primavera que se tinha transformado em Verão. Eras tu, sim tu, já nem tu eras a mesma. Primeiro bonita por fora, com olhos verdes infinitos como o meu mar à porta de casa. E depois, tão rapidamente, vindo de uma discussão por tão pouco, uma discussão por nada, por qualquer coisa tão insignificante como a tua beleza. Já não eras tu. Parecia que te tinhas virado do avesso, que o teu interior se tinha revolvido e saído para fora a meio de uma qualquer palavra insignificante como já não te dizer que te amo. De repente, sim tão rapidamente como uma folha madura cai de uma árvore, já era um Outono repleto de uma nostalgia que embalava os dias que continuavam todos na mesma, todos tão iguais.

Sem comentários: