1.4.08

É desta.


The world was on fire and no one could save me but you
It's strange what desire would make foolish people do
I never dreamed that i'd meet somebody like you
and i never dreamed that i'd lose somebody like you
No, i don't wanna fall in love...
No, i don't wanna fall in love...
with you.
What a wicked game to play
to make me feel this way
What a wicked thing to do
to let me dream of you
What a wicked thing to say
you never felt this way
What a wicked thing to do
To make me dream of you
No, i don't wanna fall in love...
No, i don't wanna fall in love...
with you.
(Chris Isaak)
*
Ainda hoje penso em ti. De vez em quando. Ocorres-me em pensamento quando as coisas não correm bem, foste um plano de fuga da realidade por algum tempo. Ainda hoje não te perdoo. O modo como mudaste tudo, entraste-me pela dignidade adentro, fiquei desprovida de qualquer vestígio de vontade própria que alguma vez tivera. Deitaste tudo por terra, tudo - as certezas que eu tinha, os moralismos que engolia a acenar com a cabeça juntamente com a outra metade do mundo - é claro que não, é claro que não faz sentido, como é que pode haver apenas sexo entre duas pessoas, não faz sentido nenhum, como é que uma atracção física, uma química, sei lá, chamem-lhe o que quiserem, como é que isso resulta em sexo, em algo tão íntimo (e, pelos vistos, igualmente mundano) como o sexo? Não pode ser, não faz sentido nenhum, nenhum, nenhum, que tipo de pessoas são essas? Tu mudaste tudo, e eu odeio-te por isso desde então. Fez agora um ano. Uma mensagem. Bastou algo tão simples como uma mensagem para eu passar a odiar-te tanto que te desejei - ou a desejar-te tanto que te odiei, que diferença faz? Desejei-te. Desejei-te todos os dias, a maior parte das noites, pensei em ti mais vezes do que devia. Amor platónico? Não. Desejo. Puro e duro. Como o nome o indica. Como o sexo (pelos vistos) deve ser. Desejo puramente, meramente (e sublinho, meramente) carnal. O teu corpo no meu, a minha pele encostada à tua, o suor, os beijos (ou nem tanto), as minhas mãos no teu peito, as tuas mãos no meu corpo, no meu cabelo, em cada centímetro da minha pele. Adivinhei-te o corpo, o toque, os gestos, a firmeza dos músculos que só vi através de uma ou outra t-shirt mais justa. Desejei tudo isto por tempo demais, sonhei com isso, pensei nisso antes de adormecer, ao acordar, ansiei por isso. Ainda penso nisso de vez em quando - quando as coisas correm mal e os pensamentos me escapam para onde não devem. De vez em quando. Bom, quase todos os dias. Ou todos os dias. Confesso. Mas já não me inundas a imaginação como antes - mais cedo ou mais tarde, tinhas de me sair de dentro do peito onde, na verdade, nunca ocupaste lugar (a não ser que haja, algures no nosso peito, um lugar reservado aos desejos meramente carnais). Trocaste-me as voltas, é tudo o que importa. E ainda hoje te odeio por isso. Tanto que quase já não te desejo. E desculpa lá qualquer coisa, mas tinha de te escrever para ver se, de uma vez por todas, me deixas os pensamentos em paz.

1 comentário:

Deirdre disse...

Minha querida,

Sei bem que há um lugar no peito para o desejo, para aqueles com quem partilhámos (apenas?) o corpo.

E como a partilha do corpo e o prazer são tão fáceis, podemos guardar desses momentos só o bom, deixando de fora o que ficou para lá da fusão sexual.

É assim que recordo os meus amantes de momento, com muito carinho e com vontde de lhes dizer: "Obrigado pelos momento de simples ternura sem contrapartidas."